Correr em jejum ou alimentado é uma dúvida constante entre os corredores. Pois muitas pessoas sentem desconforto ao se alimentar antes de correr, mesmo sendo uma refeição leve. Além disso, outros utilizam desse método para acelerar a perda de gordura. Será que realmente é uma boa estratégia?

O que acontece com o corpo quando se corre em jejum? Pode-se ou não correr em jejum? Pode haver consequências negativas nessa prática?

Nesse post, iremos esclarecer essas e outras dúvidas, mostrando evidências científicas sobre as possíveis consequências de correr em jejum.

Índice

O que acontece no corpo ao correr em jejum?

Correr em jejum pode ser considerado uma estratégia para melhora de performance?

Qual é a relação entre a refeição pré-treino e a performance esportiva?

Conclusão

O que acontece no corpo ao correr em jejum?

O que acontece no corpo ao correr em jejum?

Ao correr em jejum, o corpo inicialmente esgota suas reservas de glicogênio armazenadas no fígado, que foram utilizadas parcialmente ou totalmente durante o período de jejum, principalmente para as pessoas que acordam e já treinam sem se alimentar.

Com isso, ao esgotar o estoque de glicogênio no fígado, o corpo começa a utilizar as reservas de glicogênio armazenadas no músculo, que por sua vez ao se esgotarem o corpo passa a converter gordura em energia.

Esse processo natural ocorre em treinos curtos de corridas de 5km ou 10 km, não é prejudicial, principalmente para as pessoas que já estão acostumadas a treinar em jejum. Porém se o treino for intensificado, ou tiver uma duração maior, o corpo buscará outras fontes de glicogênio, utilizando assim a proteína muscular para compensar a falta de glicose, podendo então causar a perda de massa muscular.

Maratona

Porém, esse processo não ocorre rapidamente, não é garantido que o corpo chegue a utilizar a gordura ou a massa muscular como fonte de energia. Em alguns casos pode-se entrar em fadiga antes mesmo do corpo utilizar as reservas de gordura ou de proteína muscular.

Portanto, correr em jejum em treinos longos pode não ser uma boa estratégia, principalmente quando se trata de desempenho esportivo. Já em provas menores, dificilmente essa prática influenciará os resultados.

Correr em jejum é uma boa estratégia para o desempenho esportivo?

Segundo o American College of Sports Medicine (ACSM, 2016), as estratégias nutricionais para esportistas devem ser feitas com a intuito de melhorar a performance ou aumento de resistência.

Sendo assim, essa diretriz afirma que existem evidências significativas de que manter uma alta disponibilidade de carboidrato é uma boa estratégia para melhora de desempenho na corrida, aumentando assim a resistência durante do exercício.

Ou seja, uma boa refeição pré-treino, ou o uso de um suplemento à base de carboidrato, é uma estratégia comprovada para melhora de performance esportiva, diferente da prática de correr em jejum que na maioria dos casos causa efeito contrário.

Correr em jejum pode ser considerada uma boa estratégia nutricional ?

Existem estudos que mostraram melhora do aproveitamento das reservas de glicogênio muscular, por pessoas que se exercitam em jejum, porém mais estudos precisam ser feitos para comprovar esses dados.

É importante respeitar a resposta individual de cada pessoa. Para as pessoas que já estão acostumadas a correr em jejum, principalmente em distâncias menores, como 5 km ou 10 km, dificilmente terá prejuízo em sua performance.

Porém, se compararmos um atleta que irá fazer uma corrida mais longa, e que se alimenta antes do treino, provavelmente o atleta que corre em jejum não se consegue atingir um desempenho superior, ao de um atleta que corre alimentado.

Qual é a relação entre a refeição pré-treino e a performance esportiva?

Qual é a relação entre a refeição pré-treino e a performance esportiva?

Inúmeros estudos comprovam que a alimentação está diretamente relacionada a performance esportiva. Por esse motivo realizar uma refeição pré-treino para corrida, rica em carboidrato e moderada de proteína é considerado uma boa estratégia para melhora de performance. Pois dessa forma o organismo conta com fontes de energia rápida para realizar o exercício.

Contudo também é preciso respeitar a resposta individual de cada organismo. A capacidade de conseguir correr em jejum depende de muitos fatores como: a tolerância individual, a alimentação em geral, tempo e intensidade do treino.

Algumas pessoas já estão habituadas a se exercitar em jejum, e devido a adaptação, acabam se sentindo melhor assim. Porém essa prática não é recomendada para treinos mais longos e intensos.

Corredor

Para saber como deve ser a alimentação do corredor veja o post: Alimentação para corrida principais cuidados

Além disso a posição do American College of Sports Medicine (ACSM, 2016), reforça que, a combinação de glicose no sangue provinda da alimentação e as reservas de glicogênio, retardam a fadiga, aumentam a concentração, a força, a habilidade e resistência do atleta.

Conclusão

  • Correr em jejum em treinos longos pode não ser uma boa estratégia, principalmente quando se trata de desempenho esportivo. Já em provas menores, dificilmente essa prática influenciará os resultados.
  • Uma boa refeição pré-treino, é uma estratégia comprovada para melhora de performance esportiva em provas longas, diferente da prática de correr em jejum que na maioria dos casos causa efeito contrário.
  • É importante respeitar a resposta individual de cada pessoa. Para as pessoas que já estão acostumadas a correr em jejum, principalmente em distâncias menores, como 5 km ou 10 km, dificilmente terá prejuízo em sua performance.
  • Se compararmos um atleta que irá fazer uma corrida mais longa, e que se alimenta antes do treino, provavelmente o atleta que corre em jejum não se consegue atingir um desempenho superior, ao de um atleta que corre alimentado.


Karina Bastos – Estagiária de nutrição

Revisado por Tainá Carvalho – Nutricionista | CRN 34890

NOTA SOBRE O AUTOR:
A Nutricionista Tainá Carvalho CRN 34.980 é Nutricionista Esportiva com formação pela USP – Universidade de São Paulo, possui especialização em Nutrição Aplicada ao Exercício Físico pela EEFE-USP, Possui Especialização em Fitoterapia, especialização em Transtornos Alimentares pelo AMBULIM – IPq/HCFMUSPfoi Nutricionista da Equipe de Vôlei Feminino do SESI-SP.